segunda-feira, 26 de abril de 2010


Quando dizer NÃO! Eis a questão...

Não é uma tarefa fácil cuidar de uma criança pequena, orientar seu crescimento. E quando dizer não aos nossos filhos é uma questão sobre a qual muitos de nós, mães e pais se debatem constantemente.
Os limites são necessários, mas como e quando colocá-los?
Sobre essa questão é bom que levemos em consideração o fator idade, desenvolvimento. Ora, uma criança de 1 ano de idade não poderia entender um NÃO assim como uma de 3 anos, por exemplo. Precisamos ficar atentos ao período de desenvolvimento em que nosso filho se encontra.
As crianças não nascem sabendo o que podem e o que não podem fazer, com certeza. Mas muitas vezes alguns pais lidam com elas como se soubessem disso desde sempre, sem que tenham sido ensinadas.
Vamos pensar esta questão, tendo em vista as crianças pequenas e seu primeiro contato com as interdições.
Então, podemos dizer que teríamos três etapas a nos concentrar na introdução dos “NÃOS” na vida dos bebês.
Primeiro, temos uma fase em que os pais assumem toda a responsabilidade sobre as interdições, ou seja, o bebê pequeno não tem instrumentos, nem possibilidades de entender o que pode lhe causar algum mal ou não. E no seu desenvolvimento rápido vem o intento de descobrir o mundo, pela boca, pelas mãos... é como se o mundo inteiro fosse uma grande novidade a ser descoberta, e ele bebê, o explorador. Não há NÃO nesta primeira etapa, só a interdição física.
Assim, nesse momento é importante que a criança tenha a possibilidade de explorar, conhecer o mundo e o que tem a sua volta, ela precisa se desenvolver, e ter também um adulto atento que possa livrá-la dos perigos iminentes. Não adiantará de nada ter uma briga homérica com uma criança de 1 ano porque ela derramou todo o saco de arroz que estava na sacola, no chão.
Você é que deveria ter tirado este saco dali, certo!? Você tem instrumentos para isso, ela não.
Ele precisa explorar o mundo, dê-lhe situações ou objetos que lhe propiciem isto. E a princípio, você não limita um bebê para que ele lide com o que é certo ou errado do ponto de vista moral, mas simplesmente porque tem algumas atitudes que ele precisa ir aos poucos entendendo que são perigosas. Para bebês pequenos os “NÃOS” maternos devem se basear na idéia de perigos concretos.
Aos poucos, você percebe na criança uma crescente capacidade de compreender as coisas. Então temos a segunda etapa, onde você já pode se impor e mostrar a criança sua visão de mundo, ela já começa a ter capacidade de absorver algumas coisas. Aí sim, começa a aparecer literalmente o NÃO como palavra, linguagem entendida. Você pode dizer “NÃOS” seguros a ela, e ela tem capacidade de entender que aquilo É uma interdição, e que ali ela precisa parar por algum motivo, ainda que não tenha um entendimento real sobre os motivos.
Segue-se, a terceira etapa que é aquela que se apresenta como a fase da explicação. Podemos, aqui partir para a conversação, os pais aqui podem explicar a criança o motivo das interdições, é ela já começa a desenvolver a capacidade de entendê-las.
Assim vai se dando o desenvolvimento desses primeiros momentos do entendimento da interdição.
Entretanto, não podemos nunca esquecer do fato de que as crianças são muito diferentes umas das outras, as fases ocorrem nessa seqüência, mas é preciso que a mãe possa observar o desenvolvimento de SEU filho, e assim estar pronta para a adaptação às necessidades de sua criança.
Muitas vezes ocorre que mães que não se encontram em momentos tranqüilos e felizes de suas vidas possam, em função do seu momento, estar propensas a exagerar o lado carinhoso do trato, sendo permissivas demais, ou ainda dizer NÃO apenas porque estão irritadas.
É muito importante que na imposição de limites, a mãe os tenha bem claros para si mesma, tanto os limites, quanto os motivos pelos quais os está impondo.
Se os próprios pais estiverem muito confusos quanto ao que permitiriam ou não, como a criança poderá ter clareza sobre isso?

quinta-feira, 8 de abril de 2010


DESENVOLVIMENTO INFANTIL
A PSICOLOGIA E AS NEUROCIÊNCIAS

Nos interessa falar e pensar o desenvolvimento infantil. Nos dias de hoje, interessa muito mais aos pais que em tempos passados.
Muito se fala sobre a importância dos 6 ou 7 primeiros anos de vida, quanto a estruturação da personalidade e do pensamento. E no que temos de estudos e avanços nesta área até os dias atuais, esta afirmação de fato se confirma.
Os primeiros 6 ou 7 anos de vida são muito importantes mesmo na estruturação psíquica. Isto não significa que o que acontecer até esta etapa do desenvolvimento está fadado a permanecer da mesma maneira para o resto da vida, claro que não, podemos mudar e evoluir sempre, se houver desejo.
Mas significar dizer e pensar que o que é vivido neste período marca profundamente a estruturação psíquica do ser humano, e define nossos posicionamentos frente ao mundo, ao menos no que diz respeito, a uma certa tendência de comportamento.
Isso se aplica não somente pelos estudos na área da psicologia e da psicanálise, mas é confirmado pelos últimos achados na área das neurociências, que nos dizem que aquelas tendências genéticas de comportamento serão ou não realizadas de acordo com as experiências que vivenciarmos no ambiente em que estamos inseridos, e ainda, para complementar, que somos agraciados pela possibilidade da neuroplasticidade, que se define por ser uma forma de rearranjo nas sinapses cerebrais (corrente elétrica cerebral) que poderia nos trazer mudanças de comportamento tanto no aspecto físico, quanto psíquico e cognitivo, com as tentativas e repetições em prol de uma nova realidade.
Bem, isso significa dizer que as ciências que tratam da subjetividade – as psi, e aquelas que tratam da dimensão objetiva, diga-se física, enfim chegam a um ponto de encontro. Aquilo que era afirmado pelas psicologias e psicanálise a mais de um século – que a personalidade e os comportamentos eram definidos nestas primeiras fases de vida do indivíduo, acaba por ser corroborado pelas neurociências hoje. Ora se uma pessoa nasce com o cérebro em parte acabado, mas seu maior crescimento e desenvolvimento se dá até 7 anos de idade (90%), o que se completaria até por volta dos 12 anos, podemos concluir que as experiências vividas pela criança neste período além de marcá-la emocionalmente, marcam seu cérebro, de forma a produzirem certos tipos de respostas (sinapses cerebrais) para ações do mundo com relação a ela.
Isso equivale a dizer que de fato ela se estrutura nessa faixa etária.
Então temos que, as mudanças de comportamento são bastante complexas, pois envolvem uma forma de SER marcada nos tecidos, no corpo... e no coração. Por assim dizer.
E sendo assim, considero importante que nós – pais e ainda profissionais que trabalham com crianças, possamos ter acesso a estes conhecimentos para entender um pouco mais como se dá a formação dos comportamentos de nossas crianças, e para que possamos também ter a paciência necessária, e o empenho fundamental na formação e nas mudanças que consideramos poder trazer mais aproveitamento e felicidade para vida dos nossos filhos.
Se tiverem dúvidas a respeito deste artigo, ou ainda acharem pertinente que este assunto seja desenvolvido de forma mais extensa em outros artigos, entrem em contato.

quinta-feira, 25 de março de 2010



BULLYING, O QUE É ISSO?


O Bullying, é uma prática conhecida de todos nós ä muito tempo. Se não fomos vítimas de Bullying na escola, certamente presenciamos algum destes atos.
Tanto nos é familiar, de alguma forma, que todos sabemos da sua existência. O fato de existir essa ‘familiaridade’ em relação ao comportamento de Bullying, faz com que, muitas vezes, este assunto não seja tratado com a devida atenção. Na verdade, até os últimos tempos tem sido tratado, na grande maioria dos casos, com omissão.
O Bullying se refere a todo tipo de comportamento agressivo, verbal ou físico, intencional e repetido, que acontece, geralmente, na escola, sem motivação evidente, adotados por um ou mais estudantes, contra outros, causando muito sofrimento, dor, ansiedade e angústia tanto nas vítimas, quanto nos espectadores.
Dentre as ações que caracterizam o Bullying, estão os apelidos, a discriminação, a exclusão, a perseguição, o isolamento, o assédio, a tirania, a dominação, a agressão física, o ataque aos pertences, entre outros. Ações que humilham, atacam e ofendem a criança vitimizada
Quem já foi vítima de Bullying, ou teve um amigo ou parente próximo vivendo esta realidade, sabe bem o estrago que esta prática pode causar na vida de uma pessoa, dependendo de como ela recebe essas ações.
Não é porque muitas vezes as pessoas tratam o Bullying como algo que acontece na escola, que é normal entre as crianças, que esse assunto possa ser desprezado, muito pelo contrário. É chegada a hora de nos colocarmos em posição contrária a essa prática a tanto tempo difundida, e que infelizmente já não tenha sido barrada ä muito dentro das escolas. Teria com certeza, evitado muito sofrimento.
O Bullying é um problema mundial, não está restrito a nenhum tipo de instituição, seja ela pública ou privada, rural ou urbana. Normalmente as escolas que não admitem a existência do Bullying entre seus alunos, ou desconhecem o problema ou se negam a enfrentá-lo.
É importante que as escolas, pais e alunos, possam enfim encarar este problema de frente, as conseqüências do Bullying, quando não há intervenções efetivas, podem ser desastrosas. O ambiente escolar torna-se totalmente contaminado. Todas as crianças são afetadas de forma negativa, passando a experimentar sentimentos de ansiedade e medo. Além do que, alguns alunos, que testemunham o Bullying, quando percebem que o comportamento agressivo não traz nenhuma conseqüência, podem adotá-lo também.
Dentre as conseqüências da prática do Bullying está o fato de que crianças que são alvos, dependendo de suas características individuais e de suas relações com o meio, poderão não superar os traumas sofridos na escola. Poderão crescer com sentimentos negativos, de baixa auto-estima, tornando-se adultos com sérios problemas de relacionamento, ou ainda assumir e multiplicar o comportamento agressivo.
Para aqueles que são os autores da prática, também existem conseqüências, estes podem levar para a vida adulta o mesmo comportamento anti-social, adotando atitudes agressivas no ambiente familiar ou do trabalho e trazendo muitos prejuízos para sua vida futura.
E as testemunhas, por sua vez, são afetadas de forma que sentem-se inseguras e temerosas de que sejam as próximas vítimas.
Portanto, é necessário que os envolvidos se mobilizem em busca de programas que possam ser implementados nas escolas com o intuito de diagnosticar, identificar e reduzir o comportamento agressivo entre os estudantes. Podendo assim melhorar o ambiente da escola e a qualidade de vida de todos.
Quem não ganharia com isto?

quarta-feira, 10 de março de 2010

DEPRESSÃO PÓS-PARTO


O seu bebê nasceu ou está para nascer, um momento de grande alegria se espera, a gestação foi sonhada, aceita, o nome escolhido de acordo com as melhores intenções e significados, o enxoval em cores suaves, sonha-se com o rostinho fofo, os movimentos lentos, o sorriso que aos poucos vai se revelar... eles são mesmo lindos - os bebês. E toda esperança de uma nova vida, traz alegria a família.Chega o momento considerado dos mais sublimes para a mulher.
Eis que, muitas vezes a expectativa com relação a este momento é frustrada pelos dados que a vida objetiva traz para a mãe.
É lindo ter um bebê, realmente incrível que possamos dar a luz a uma nova vida. Contudo, a maternidade, vem carregada de responsabilidades e mudanças na vida da mulher, implica mudanças em vários aspectos, no trabalho, na vida pessoal , emocional e social. Essas mudanças podem acarretar mais sofrimento do que a futura mãe possa supor. Existe uma tendência a se fantasiar a realidade, idealizar o momento, e esquecer os desafios que a condição de mãe impõe.
Em função disso, é muito importante, que as futuras mães, possam ter a maior proximidade possível com os dados de realidade que a função materna trará para sua vida, para que se possam diminuir as possibilidades do desenvolvimento de um quadro de depressão pós-parto que pode afetar consideravelmente a relação mãe-bebê e por conseqüência a formação da estrutura psíquica desta criança no decorrer de seu desenvolvimento.
Nesta direção, temos uma corrente de estudos que defende a realização do pré-natal psicológico, que vem de encontro a necessidade de preparação emocional e sócio-ambiental para a chegada do novo bebê. Segundo estes estudos, o pré-natal psicológico tem se mostrado tão importante quanto o acompanhamento físico da gestante e da criança. Podendo, com eficácia, prevenir situações futuras que favoreçam a depressão pós-parto, além de trabalhar questões com a mãe que podem melhorar suas condições e qualidade de vida e assim, também as condições de desenvolvimento de seu bebê.
Logo após o parto, em média 60% das mães sofrem do que chamamos “baby blues”, que se caracteriza por ser um estado de variações emocionais, psicológicas, hormonais e físicas.
Isso equivale a dizer que, a mãe poderá sentir-se no pós-parto, muito sensível, confusa, instável, com incapacidade para cuidar de seu bebê, com medo, culpa, tristeza, falta de motivação, indisposição. Porém, esses sentimentos são considerados normais, desde que não perdurem por muito tempo, e têm sido relacionados às rápidas alterações hormonais, ao estresse do nascimento e ao grande aumento da responsabilidade que o nascimento de uma criança provoca.
No entanto, se esses sentimentos persistirem por um período de tempo considerável, mais de 4 semanas, por exemplo, após o parto, é importante que se fique atento para a possibilidade de estar se estabelecendo um quadro depressivo, que tem ocorrência de 10% a 20% dentre as mães em período puerperal.
Os fatores apontados como possíveis causas de deflagração da depressão pós-parto, são: os biológicos, já citados – variações hormonais e alterações no metabolismo que podem, ainda, acentuar consideravelmente problemas emocionais e/ou pessoais já existentes, os ambientais – mudanças expressivas no cotidiano, e os psicológicos – sentimentos conflituosos da mulher em relação a si mesma, ao bebê, ao companheiro, transtornos psíquicos pré-existentes, entre outros.
Em um quadro que aponte para depressão, a necessidade de diagnóstico é preemente.
É importante que a mãe procure acompanhamento psicoterápico, converse com pessoas próximas e os profissionais que a atendem – obstetra, pediatra, sobre os sentimentos que vem tendo, que não se envergonhe deles. Admitir que esses sentimentos existem, é o primeiro passo. E um profissional habilitado poderá orientá-la na busca do diagnóstico e tratamento adequados.
A vivência de sentimentos tão diferentes daqueles que se havia idealizado pode tornar esse momento muito penoso, e provoca nas mães um sentimento de inadequação, que pede ajuda.
Numa parcela grande dos casos de depressão pós-parto a mulher se isola, tem vergonha dos sentimentos, não tem coragem de assumi-los e falar o que está acontecendo com ela. Assim, sofre sozinha, aliás, com seu bebê, calada. Um sofrimento que muitas vezes não cessa sem tratamento, pelo contrário, se agrava. A depressão pós-parto pode durar meses ou até mesmo anos se não tratada.
A depressão pós-parto não é rejeição ao bebê prioritariamente, mas muito mais um sentimento de medo com relação as mudanças e ao desafio que se tem pela frente.
Portanto, o esclarecimento, a franqueza consigo mesma, a consciência dos nossos limites e a procura pela ajuda daqueles que nos amam e daqueles que podem nos auxiliar profissionalmente é a melhor, e mais eficiente saída neste momento.

quarta-feira, 3 de março de 2010

O PAI NOS PRIMEIROS MESES DO BEBÊ

Tanto falamos sobre a relação mãe-bebê e muito pouco sobre o pai, que em uma construção de família tradicional, compõe esta tríade.
Não ter falado muito sobre o pai e sua função nestes primeiros momentos do bebê não significa de forma alguma que ele tenha importância menor.
Hoje temos aqui um espaço só para ele, onde falaremos sobre essa pessoa e essa função tão importante – a paterna, nos primeiros meses de vida da criança.
No início da vida da criança a mãe é quem interage mais com o bebê sim, é sua primeira referência sem nenhuma dúvida, mas a função do pai é extremamente importante nesse momento.
Muitas vezes os pais sentem que não são necessários, pensam que nada podem fazer alí, algumas vezes sentem-se até mesmo preteridos, excluídos deste quadro. O que é um grande engano.
Por mais que a mãe esteja completamente voltada para o bebê, as avós estejam de prontidão, o pai pode ajudar muito, facilitar imensamente a interação mãe-bebê. Isso pode se dar quando ele percebe ou ainda é orientado para que dê a mãe o suporte emocional necessário para que ela viva esse momento da forma mais plena possível.
Isso equivale a dizer que o pai, para além da ajuda prática que pode dar, tem a função e até mesmo o poder de abastecer a mãe emocionalmente, nessa situação onde ela precisa se entregar por inteiro a este bebê.
O pai com seu amor, carinho e cuidado com a mãe pode tornar esse momento mais tranqüilo, feliz e prazeiroso para todos.
A mãe precisa dedicar-se a essa relação e cuidados com o bebê, e se não estiver emocionalmente bem, sentindo-se segura, dificilmente poderá exercer sua maternidade, neste momento, de maneira suficientemente boa.
Uma boa relação conjugal, onde exista cumplicidade, amor, compreensão e amizade pode facilitar para que esse período da vida seja algo extremamente natural, fluente.
Existe uma máxima que diz “ ninguém dá o que não tem”. E neste caso ela cabe perfeitamente.
A mãe precisa dar muito ao bebê, mas pra que ela dê precisa ter, ou pode chegar a sentir-se incapaz de cuidar dessa criança, o que não a impedirá de fazê-lo, mas que pode levá-la à uma depressão pós-parto e comprometer o desenvolvimento do bebê nesse período.
Portanto, o papel do pai é de extrema importância, não pode simplesmente ser aprendido se não houver o desejo de estar ali nesta tríade pai-mãe-bebê, mas pode, se esse desejo existir, ser alimentado pela informação e o esclarecimento.
Assim papais, exerçam esse lindo papel, e sejam muito felizes ao lado de sua mulher e seus amados filhos!

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010


O COLO DA MÃE

Estamos nos atendo, nestes primeiros artigos, a gestação e as primeiras fases de desenvolvimento da criança, isso porque nos estágios posteriores teremos um longo percurso a ser feito, mas tudo que for feito neles terá maiores chances de um bom resultado caso o início da vida tenha sido satisfatório.
A tendência hereditária de desenvolvimento que a criança apresenta, não pode se tornar um fato sem a participação ativa de um ser humano que segure e cuide dela.
Portanto hoje, falaremos um pouco sobre a importância do colo da mãe nos primeiros 6 meses de vida.
Não só do fato de este colo ser disponibilizado ou não ao bebê, mas de como, e com que qualidade ele é disponibilizado.
Pode não parecer, mas segurar um bebê é um trabalho especializado, não que precise de estudo e qualificação, mas de disposição física e emocional.
Os bebês são muito sensíveis a maneira como são segurados. O que os leva a chorar com algumas pessoas e a ficar calmos e satisfeitos com outras, mesmo quando são ainda muito pequenos.
Mas o colo da mãe, nesse primeiro momento, sendo ela e o bebê os protagonistas destas primeiras fases de desenvolvimento, não poderia deixar de ter um papel especial.
A mãe com seu colo, nesses primeiros meses do bebê confere a ele duas percepções que são de extrema importância para seu desenvolvimento futuro, o contorno de seu corpo físico e sua individualidade e as primeiras impressões do mundo que o recebe.
Isso equivale a dizer que é a mãe e seu colo que podem facilitar ao bebê a percepção dos limites de seu próprio corpo e de seu rudimentar ego/eu.
Para clarificar este pensamento, vale dizer que o bebê quando nasce, não tem a menor consciência de que seu corpo é diferenciado do restante do mundo. Para o bebê tudo é ele. Mãe, qualquer outra pessoa e o mundo são ele.
É no colo da mãe, e nas vivências, que essa criança vai percebendo que ela é um corpo e um eu separados da mãe e do resto do mundo. Esse é um acontecimento que se dá concomitantemente nos planos físico e emocional.
Aos poucos, nesse contato e suporte do colo da mãe ele vai se diferenciando – minha mãe é minha mãe, eu sou eu e o mundo é o mundo.
O bebê vai se descobrindo e descobrindo o mundo a partir desse colo, desse contorno do próprio corpo que lhe é proporcionado pelo braços da mãe.
Braços esses que podem oferecer um colo frouxo e sem vida, seguro e confiante ou ainda rígido demais.
Um colo agradável e seguro é aquele que adapta a pressão de seus braços as necessidades do bebê, não o apertam, nem o deixam solto demais, movem-se lentamente sem a profusão de movimentos bruscos que podem levar o bebê aos sustos. E ainda que se mostra diposto emocionalmente a esse lugar de suporte com amor.
Segue-se a importância de salientar que o colo da mãe se apresenta como o primeiro contato do bebê com o mundo. Então podemos dizer que esse mundo, pelo colo da mãe e suas características, pode parecer a criança como algo rígido, atento somente as obrigações e necessidades básicas, como inseguro, instável ou ainda como seguro, confiante e acolhedor.
Essa percepção dependerá das condições físicas e emocionais em que se encontrar essa mãe no momento e primeiros 6 meses da chegada de seu filho.
Sendo assim, mais uma vez precisamos estar atentos a como estamos percebendo e sentindo o mundo, pois até mesmo pelo nosso comportamento corporal podemos estar apresentando este mundo a nossos bebês.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Apreendendo a Sentir



Os sentimentos sempre foram campo de estudo para a humanidade. Porque as pessoas reagem de forma tão diferente às situações da vida, porque uma situação parece um muro praticamente intransponível para alguns, enquanto para outros parece tão simples solucionar?
Essas são questões, entre outras, que se tornaram fonte de motivação para muito debruçar dos estudiosos, e que nos remetem a outra questão relativa a construção das pessoas enquanto estrutura emocional. Como as pessoas se constituem enquanto seres humanos emocionais, e como essa construção se manifesta nas suas reações, nos seus sentimentos desencadeados pelas situações apresentadas pela vida?
Pois bem, os resultados de vários estudos apontam para o fato de que essa constituição, essa formação se dá por dois fatores principais, são eles: a predisposição genética, ou seja, as tendências genéticas que trazemos conosco, marcadas em nosso DNA, de desenvolvermos certos tipos de padrão de comportamento; e o ambiente que nos recebe, nos cerca e que fará, com as suas contingências, com que desenvolvamos ou não nossos potenciais genéticos de padrão de comportamento, sejam eles geradores de boas possibilidades de adaptação ou o contrário.
Então, temos que o lugar que nos recebe e a maneira como nos recebe é fundamental para o desenvolvimento das nossas reações frente ao mundo.
E o nosso primeiro e mais especial lugar é a família. A família que, na vivência das relações, vai nos definir enquanto pessoas, é onde nós apreenderemos a interpretar o mundo, desde a aprendizagem das adaptações mais básicas para a sobrevivência biológica e social, como higiene, alimentação, locomoção até as mais finas, como os sentimentos.
As crianças apreendem no seio do lar a reagirem a partir da reação dos seus cuidadores, a primeira aprendizagem quanto a como se colocar emocionalmente nas situações da vida acontece ali, dentro de casa, com as crianças percebendo e internalizando a maneira como seus pais reagem, por exemplo, à algo que não foi planejado, à uma opinião discordante da sua, ao não do parceiro, à receber ou dar carinho, às responsabilidades, à autoridade, ao cuidado consigo mesmo, ao amor próprio, dentre todas as questões que envolvem o comportamento.
È preciso entender, que as crianças apreendem na vida com aquilo que os pais fazem na maioria absoluta das vezes, e não com aquilo que os pais falam, até porque se fala uma vez ou outra no cotidiano, mas se age ou reage o tempo todo na vida.
Estamos ensinando aos nossos filhos aquilo que apreendemos com nossos pais e no decorrer de nossa vida com nossas experiências. E não com aquilo que consideramos o mais correto mas não fazemos.
Há que se pensar que filhos estamos criando, que pessoas estamos desenvolvendo para si mesmos e para o mundo. E frente a essa reflexão vamos, de fato nos deparar com aquilo que talvez, depois de uma certa caminhada, seja o mais difícil – NÓS MESMOS!
E, sendo assim, temos aqui uma oportunidade das mais maravilhosas e mais difíceis que a vida, os filhos, podem nos trazer, a oportunidade de nos olharmos novamente, de forma atenta e profunda, se quisermos educarmos e criarmos cidadãos que possam respeitar-se e respeitar o outro, que possam ainda desenvolver suas potencialidades e aproveitar as oportunidades que a vida vai lhes oferecer da melhor forma possível. Que possam se perceber e entender o que é seu espaço e o que é o espaço do outro, para trilharem um caminho na vida que não seja primordialmente pautado pelo medo, pela ansiedade exacerbada, pela paralisação, sentimento de insegurança, dentre outros.
Precisamos nos olhar pra saber que seres humanos estamos criando, pra saber como estamos ensinando nossos filhos a reagir às frustrações da vida, como estamos ensinando nossos filhos à demonstrar amor, carinho, solidariedade, tristeza, raiva, e todos os outros sentimentos à que estamos sujeitos enquanto indivíduos neste mundo.
Portanto, quando estivermos preocupados, chateados, enfurecidos com algum comportamento de nossos filhos pequenos, talvez seja muito pertinente nos pergurtamos onde ele aprendeu isso, com quem, e ainda, olhar para a nossa própria forma de reagir em situações semelhantes às que ele vem vivenciando. E aí quem sabe possamos encontrar algumas respostas e direções bem mais perto do que poderíamos imaginar.