quinta-feira, 23 de setembro de 2010

CRIANÇA CIDADÃ – PRIORIDADE ABSOLUTA.

MAS... COMO ENSINAR SEU FILHO A SER UMA CRIANÇA CIDADÃ?


Sabem, costumo pensar e conversar bastante com as pessoas sobre cidadania, sobre a importância de uma postura cidadã.
De que o que realmente precisamos no trânsito, por exemplo, para modificar a realidade caótica de guerra que temos no Brasil, é de cidadãos, além, e na minha opinião muito mais, que estradas e belos projetos.
Mas é claro, precisar de cidadãos no trânsito, significa que precisamos de muito mais pessoas que assumam postura de cidadãos no mundo, na vida de uma forma geral. Porque ser cidadão não é uma roupa que colocamos e tiramos em determinadas situações. É estar de fato, comprometido com seus direitos e deveres, ser consciente e de verdade acreditar, que assumir esse comportamento muda a sua vida e de outras pessoas.
Que ser cidadão é amar e respeitar sua própria vida, porque só assim é possível respeitar a vida de outrem.
Quem pode respeitar a vida do outro, cuidar para não lesar as outras pessoas, se não respeita a sua própria vida? Se não tem cuidado com ela?
Ter uma postura cidadã, para além de lhe garantir uma vida mais digna, traz a possibilidade de alargar horizontes, e o que é de suma importância – fazer um mundo melhor!!
Como?? Fazer um mundo melhor?
Sim!! Fazer o seu mundo melhor, e assim melhorar o mundo dos seus filhos, porque eles vão copiar seus comportamentos, vão aprender a se comportar a partir do que vêem em você!
Filhos não aprendem com o que os pais falam, filhos aprendem com o que os pais fazem!
Quer filhos cidadãos? Seja, antes de tudo.
Lhes ensine honestidade, não passando ninguém para trás, não mostrando que o bom mesmo é tirar vantagem das pessoas, que isso é que é ser esperto!
Lhes ensine respeito, respeitando o seu jeito de ser, ouvindo o que ele tem pra falar, percebendo que seu filho é uma pessoa diferente de você, e que merece ter seu ponto de vista ouvido!
Seu filho não será gentil seu você não for gentil, se a gentileza não for um valor dentro da sua casa.
Não adianta dizer para o filho que é feio mentir, se você mente pra ele, e ainda o induz a contar uma mentirinha boba.
Não adianta xingar as pessoas no trânsito e depois exigir que seu filho não xingue o amiguinho.
Se quiser uma criança socialmente boa, que respeita os outros, terá que assumir este compromisso na sua vida primeiro.

E esses são somente exemplos.
Faça uma reflexão, pense na importância que ter uma postura cidadã com a vida, pode tornar o mundo de seu filho muito melhor.
Pense na bela oportunidade que os filhos nos dão – por amor, à nós mesmos e á eles... podemos tornar a NOSSA vida muito melhor.
Talvez essa seja a forma mais efetiva de mudar o mundo!

terça-feira, 24 de agosto de 2010

CRIANÇAS E VÍDEO GAME – O QUE DIZER SOBRE ESTA COMBINAÇÃO?


Bem, queridos, é fato de acordo comum que as tecnologias hoje, ganham em disparada a atenção das crianças, em relação as brincadeiras e diversões de rua. Isto não podemos negar de forma alguma. Também não podemos negar que os jogos de vídeo game, são em um certo ponto, benéficos para o desenvolvimento cognitivo de nossas crianças. Principalmente, se considerarmos o desenvolvimento de funções importantes do cérebro para a vida tanto intelectual quanto prática, como o raciocínio lógico, a estratégia, a tomada decisão, a atenção, a memória, por exemplo.
A questão principal, em meu ponto de vista, não é jogar ou não vídeo game, mas qual é a relação das crianças com este instrumento, e como os pais administram esta relação.
Vejam só, se o vídeo game pode ser benéfico para o desenvolvimento cognitivo e as crianças adoram, porque não utilizá-lo de forma saudável?
E a forma saudável, seria a de ficar atento a que jogos as crianças estão jogando, (por exemplo, alguns jogos, principalmente os de luta ou guerras, podem aumentar significativamente a ansiedade nas crianças, e também alimentar sentimentos de agressividade), e estabelecer regras claras quanto à utilização do video game. Regras que se adeqüem a vida familiar. Por exemplo, podem se estabelecer um horário diário, ou de final de semana para que as crianças possam jogar. Porque o que é prejudicial é que as crianças fiquem o tempo todo que tem livre, jogando vídeo game, e deixem de se relacionar e brincar verdadeiramente com os amigos, e realizar outras atividades que são importantes, como as tarefas e trabalhos de escola. Ou ainda realizá-las de forma deficiente por querer terminar para jogar.
Portanto, o importante é que possamos utilizar da melhor forma possível este que pode ser um aliado na educação e desenvolvimento das crianças.
Então, para recaptular, as dicas mais importantes são:
• Ficar atento aos tipos de jogos que os filhos podem estar utilizando;
• Administrar os dias e tempo de jogo para não atrapalhar as tarefas escolares;
• Não descuidar do quanto os jogos eletrônicos podem estar privando seu filho de outras vivências e relacionamentos importantes.
Seguindo estas instruções quem sabe você possa ficar mais tranqüilo com relação a este assunto e até se divertir com seu filho, fazendo deste um momento que pode ser muito prazeiroso e importante para o relacionamento familiar!!
QUANDO LEVAR MEU FILHO À UM PSICÓLOGO?


Hoje, gostaria de falar com vocês, sobre esta, que é uma dúvida freqüente:
Em que momento devo começar a pensar na possibilidade de levar meu filho para uma avaliação psicológica, e quem sabe um tratamento?
Pensando em elucidar a esta questão, aqui vão algumas perguntas as quais devemos encontrar nossas próprias respostas, mediante reflexão.

A primeira e mais importante delas é: o meu filho está tendo algum comportamento que esteja prejudicando sua qualidade de vida ou interferindo no seu cotidiano? Ou seja, algum comportamento que ele tenha, está prejudicando significativamente seu relacionamento em casa, com os amigos; seu desempenho na escola ou ainda sua saúde de forma geral?
Se a resposta para esta pergunta for sim.
Temos algumas outras questões sobre as quais seria importante pensar:

- Há quanto tempo persiste o comportamento ?
- Foram feitas tentativas de ajudar a criança a superar esta situação ?
- A criança respondeu bem, mas depois voltou ao comportamento, ou a tentativa não teve sucesso?
- Existe apenas um problema, ou o problema visível (apresentado) faz parte de um número maior de problemas, alguns dos quais talvez não sejam imediatamente óbvios ?
- Talvez não seja um problema com ele, de fato, mas não estou conseguindo lidar com esta situação, neste momento?

Diante destas perguntas, e a reflexão sincera com relação as respostas, temos um bom ponto de partida, e podemos chegar a uma conclusão sobre a importância do olhar de um profissional especializado neste momento.

A seguir, colocarei algumas situações que podem nos indicar a necessidade de uma avaliação:
As crianças em geral mostram sua angústia direta e claramente através de seu comportamento (por ex. sentir medo frequentemente, fobia, ficar zangada, bater, chorar, ficar agitada e/ou apresentar falta de atenção constante, comportamentos ritualísticos – ex: lavar as mãos muitas vezes,... queixar-se de dores de cabeça, estômago, falta de ar sem motivos aparentes ou orgânicos previamente avaliados por um médico, compulsão ou ainda apresentar outros comportamentos marcantes e inadequados). Às vezes, no entanto, elas se comunicam de maneiras mais sutis. Por exemplo, as crianças podem ficar muito quietas ou retraídas (um comportamento aparentemente não problemático), podem ficar relutantes em brincar com outras crianças ou mostrar menos imaginação quando estão brincando.
Esses são alguns sintomas ou sinais que podem indicar que seu filho precisa de ajuda.
Num primeiro momento o profissional que o atender fará entrevistas com a família, após o que se iniciará o período de avaliação da crianças, que deverá ter duração de algumas sessões.
Então, o psicoterapeuta lhe dirá qual é a sua opinião. Se ele julgar que existe um problema, pode recomendar que seu filho entre em tratamento.
O tratamento psicoterápico é bastante variável quanto aos procedimentos à serem utilizados e a sua duração. Estes aspectos dependerão do tipo de questões que seu filho apresenta, bem como da aderência não só da criança, mas também da família ao tratamento. E este é um ponto muito importante a ser abordado: quando uma criança entra em processo de psicoterapia, o acompanhamento, a participação e a aderência da família são fundamentais para que se obtenha o melhor resultado. E o melhor resultado, por assim dizer, sempre será O BEM ESTAR DO SEU FILHO E DA SUA FAMÍLIA.

Prolongar fatores estressantes e comportamentos inadequados do ponto de vista do bem estar podem causar sérios prejuízos à vida futura de seu filho.
A prevenção e o tratamento psicoterápico na infância e na adolescência oferecem maior possibilidade ao seu filho de não cristalizar comportamentos que poderão ser nocivos à sua vida, de modo a embotar consideravelmente a possibilidade de aproveitamento das oportunidades que a vida pode lhe oferecer tanto do ponto de vista dos relacionamentos quanto da vida profissional e todos os demais aspectos que a envolvem.

Assim, percebendo a necessidade, procure serviço especializado.

quinta-feira, 10 de junho de 2010



BULLYING II


Neste artigo de hoje, voltamos a falar sobre o Bullying. E isso, por motivos bastante relevantes.
Primeiro, porque o Bullying é de fato um assunto que pede muita atenção em função das conseqüências que gera.
Segundo, porque o Bullying é a materialização do preconceito, dentro do ambiente escolar, e também fora, como é o caso do Cyberbullying (bullying que acontece nos sites de relacionamento, como o Orkut e MSN, no ambiente da internet).
Mas, por enquanto ainda ficaremos restritos ao Bullying que acontece nas dependências da escola. E que me atrevo a dizer - é uma das principais raízes da perpetuação do preconceito de forma geral, em todos os outros lugares e momentos da vida.
Sendo assim, gostaria de estar colocando aqui mais algumas informações a respeito deste “fenômeno”, tão reconhecido, e ainda muito ignorado.
Brigas, ofensas, agressões físicas e psicológicas, disseminação de comentários maldosos, repressão. Todas estas atitudes fazem parte do rol de situações que envolvem o Bullying na escola. Que são tratadas muitas vezes como “coisas de criança”, mas que podem transformar a escola em um verdadeiro inferno para muitas delas.
Então, vou expor alguns comportamentos, sinais que as crianças vítimas podem apresentar, e que tem altas chances de estarem ligados ao bullying na escola.

São eles:
Falta de vontade ir à escola;
Sentir-se mal perto da hora de sair de casa;
Pedido para trocar de escola;
Pedido para ser sempre levado à escola;
Mudar frequentemente o trajeto entre a casa e a escola;
Apresentar baixo rendimento escolar;
Voltar da escola, repetidamente, com roupas e materiais danificados;
Chegar muitas vezes em casa com machucados sem explicação convincente;
Parecer angustiado, ansioso e deprimido;
Ter pesadelos constantemente com pedidos de “socorro” ou “me deixa”;
“Perder” repetidas vezes seus pertences e dinheiro.

Esses são alguns dos sinais que a criança pode apresentar quando está sendo vitimizada pelo bullying na escola. Não são os únicos, e também não representam por si só, que o bullying de fato esteja acontecendo. Porém, mediante a esses comportamentos vale à pena redobrar a atenção, conversar com a escola sobre a suspeita, e se for de fato confirmada, exigir atitudes e um plano efetivo da escola para esta questão. E em alguns casos procurar ajuda de profissionais fora da escola.

Por hora são estas as informações.
Voltarei a falar com vocês sobre este assunto em outros artigos.

quarta-feira, 12 de maio de 2010


Filhos do Coração

Era uma noite como outra qualquer.
A Luena estava sentada no chão a folhear o álbum de família. Os irmãos brincavam na sala com o Rafa e o Manecas, o cão e o gato lá de casa que, sendo os melhores amigos, às vezes pareciam os piores inimigos.
De repente, o silêncio foi interrompido pela curiosidade de uma menina de cinco anos.
— Mãe… como é que eu nasci? Porque é que não há fotografias minhas em bebé aqui no álbum? A mãe percebeu que aquela, afinal, ia ser uma noite muito especial. Levantou-se do sofá e foi sentar-se ao lado da filha. — Vou contar-te a história mais bonita do mundo e a mais especial, porque é a tua história. Sabes como nascem os bebés?
— Nascem de repolhos grandes! — exclamou o Manuel. — Não é nada… chegam no bico das cegonhas! — contrapôs o Jorge. Maria desatou a rir e avançou com a sabedoria de quem acredita que domina o mundo do alto dos seus dez anos: — Os bebés nascem das barrigas das mães! O pai põe uma sementinha num ovo que a mãe tem dentro da barriga e, depois, a barriga começa a crescer, a crescer, a crescer e, nove meses depois, nascem os bebés! — Nem todos — interrompeu a mãe —, alguns filhos nascem nos corações! Nesse momento até as certezas da Maria, a irmã mais velha, desapareceram. Curiosos, os irmãos aproximaram-se da mãe, prontos para ouvir esta história que, como todas as histórias importantes, começa com um… — Era uma vez… — disse o pai da Luena que acabara de entrar na sala. — …um coração que engravidou de amor — acrescentou a mãe. — Os corações também engravidam? — interrompeu a Luena curiosa — Claro que sim! Esse coração, tal como as barrigas das mães, cresceu tanto, tanto, tanto, que se apaixonou por uma menina cor de canela e de trancinhas no cabelo que escolheu fazer parte desta família — respondeu o pai emocionado. — Sabes Luena… há várias maneiras de criar uma família, mas o importante é o amor que une as pessoas dessa família, porque as famílias são para sempre — concluiu a mãe. — Mesmo quando se zangam? — perguntou o Manuel. — Claro… não vês que, apesar de se zangarem, o Rafa e o Manecas adoram-se e não conseguem viver um sem o outro? — lembrou a mãe. A Luena ouvia em silêncio com muita atenção mas, quanto mais lhe explicavam, menos conseguia entender. Pegou na mão da mãe, obrigando-a a fixar o olhar no seu, que suplicava por mais esclarecimentos. — Então como é que eu cheguei ao teu coração grávido, mãe? — Já vais perceber… mas, o mais importante é que estás cá dentro, no nosso coração, como todos os teus irmãos. Pelo olhar perdido da Luena, todos conseguiram imaginar a confusão que reinava na sua cabeça. O pai avançou com mais explicações: — Sabes Luena, existem muitos lugares no mundo onde os pais não têm condições para criar os filhos… — …e, por isso, têm que deixá-los em instituições como aquela no Gana, em África, onde nós te vimos pela primeira vez — acrescentou a mãe. — E nesses lugares existem muitos meninos como eu, mamã? — perguntou a Luena. A resposta chegou pela mão da irmã mais velha, a quem os dez anos davam direito legítimo a uma resposta sempre na ponta da língua: — Espalhados pelo mundo, existem meninos de todas as raças e cores que precisam de pais, porque os seus pais da barriga não puderam cuidar deles como eles mereciam. Raças era uma palavra difícil para os irmãos mais novos. O Manuel sabia que era preciso perguntar para conseguir aprender e, por isso, não hesitou: — O que são raças, papá? — Raças são características diferentes dos meninos que nascem em todas as partes do mundo: em Portugal, no Gana, na China… À Luena nunca lhe tinha ocorrido perguntar porque é que a sua cor de pele era diferente da dos seus irmãos… afinal somos todos diferentes uns dos outros! Há crianças gordas, magras, altas, baixas, meninos de olhos azuis e outros de olhos castanhos. A cor da sua pele fora sempre aquela, portanto era uma característica sua. Ela também sabe que o que é realmente importante sente-se com o coração. E o seu coração traquina dizia-lhe que o importante é o amor que une as famílias e o sentimento de segurança que os filhos têm junto dos pais. — Ao ver-te pela primeira vez, o nosso coração cresceu tanto, tanto, tanto, que se apaixonou e, desde esse momento, a nossa vida deixou de fazer sentido sem ti — revelou a mãe com ternura. A Luena ficou em silêncio a saborear o olhar apaixonado dos pais e a pensar em todas as crianças que não têm uma família. Imaginou os meninos que não pertencem a ninguém e que adormecem à noite sem ter os pais ao seu lado para lhes contarem uma história. Imaginou como deve ser difícil não receber um beijo da mãe todas as manhãs. Imaginou como se devem sentir sozinhas as crianças que estão à espera de conhecer os seus pais do coração… Espontaneamente correu e abraçou os seus pais com toda a força que conseguiu, numa tentativa desesperada de lhes fazer sentir todo o amor que tem por eles. — Que bom que é ter uma família! — exclamou feliz. E a sabedoria dos dez anos da Maria traduziu-se numa verdade simples que, no coração, todos sentem como uma certeza: — Luena… a nossa família não seria a mesma sem ti… — É verdade Luena, estamos muito felizes por termos uma irmã como tu — acrescentou o Jorge. — Papá, e o que acontece às outras crianças que ainda não tem uma família? — perguntou o Manuel. — Estão à espera de encontrar corações apaixonados que engravidem de amor e consigam formar uma família como a nossa — explicou o pai. — Sabem que às vezes isso acontece muito depressa, mas outras, demora mais tempo. Porém o mais importante é que, no final de tudo, encontrem uma família… e de certeza que isso acaba por acontecer! — concluiu a mãe. A Luena ficou tranquila com as palavras da mãe em relação aos outros meninos que ainda se encontram a viver em instituições. Contudo, uma dúvida insistia em formar a covinha que aparecia na sua bochecha esquerda sempre que algo a preocupava: — Mamã… mas como é que esses pais que engravidam do coração conseguem escolher uns meninos e deixar lá outros? — Na verdade, filhota — explicou a mãe orgulhosa da sensibilidade da filha —, esses pais não escolhem os filhos… mesmo que não percebam, eles é que são os escolhidos. Um coração só engravida quando se apaixona, por isso é que pouco importa se os filhos nascem da barriga das mães ou dos seus corações. O amor só pode ser um laço natural… porque ninguém nos pode obrigar a amar! — Tu, por exemplo, — continuou o pai – escolheste-nos no dia em que te conhecemos e, depois de nos conquistares, deixaste-nos amar-te. As fotografias que te faltam aí no álbum não são importantes, porque a nossa história de amor começou mais tarde, e nem todas as histórias de amor tem de começar numa maternidade. — Se pensares bem, filhota — acrescentou a mãe —, não há fotografias de todos os momentos felizes que passámos juntos, porque alguns desses momentos guardámo-los dentro do coração, que é o melhor álbum da nossa vida! O Manuel e o Jorge começavam a dar os primeiros sinais de cansaço com um bocejo traiçoeiro. A Maria, a quem a vida naquela noite até tinha conseguido ensinar qualquer coisa nova, foi contagiada e abriu a boca, denunciando a chegada da hora de dormir. — Meninos, vamos para a cama! Hoje já ouviram uma linda história, que vos deu muito em que pensar! — exclamou o pai divertido. A mãe levantou-se e distribuiu as crianças pelos quartos, ao ritmo de mimos e beijos de boas-noites. Quando chegou perto da cama da Luena reparou que a covinha da bochecha voltara a ficar visível. — Mamã… ainda existem muitas famílias à espera de serem escolhidas por essas crianças? — perguntou-lhe a filha. — Algumas, meu amor… — disse a mãe tentando tranquilizá-la — …mas não te preocupes, porque todas essas crianças vão, de certeza, escolher uma família como a nossa para serem muito felizes. Aos poucos, a covinha foi desaparecendo. A Luena fechou os olhos, rendendo-se a um sono descansado, e começou a sonhar com um mundo cor-de-rosa, com pinceladas de muitas outras cores alegres e vivas que pintam a realidade de uma menina traquina de cinco anos. A mãe inclinou-se e beijou o rosto daquela filha especial, que tinha trazido um brilhante arco-íris à sua vida. Depois, afastou-se em silêncio e ficou a pensar que, se todas as famílias soubessem quão maravilhosas e completas se podem tornar as suas vidas quando os seus corações engravidam, de certeza que as instituições do mundo ficariam vazias de crianças e as suas casas cheias de amor.

quinta-feira, 6 de maio de 2010


O SENTIMENTO DE CULPA

De uma forma geral, é possível perceber que as mães por mais cuidadosas que sejam, tem uma certa tendência de sentirem-se culpadas em maior ou menor grau com relação a seus filhos.
Normalmente o sentimento de culpa nas mães poder ser gerado pelo fato de, tendo uma noção preconcebida de como deveria ser a relação com seu filho, ou seu comportamento para com ele, sentem-se de certa forma frustradas e impossibilitadas de atender as estas expectativas por circunstâncias das mais diversas que a vida pode impor, ou ainda por sentimentos novos, situações inesperadas com as quais não esperava ter que lidar.
Vejam, a título de exemplo podemos citar: dá a luz a um menino e queria mesmo uma menina, por algum motivo não começou a amar o bebê logo de pronto como achava que deveria, ocorre uma perda familiar (morte) que a leva a um momento de muita tristeza, e por aí vai. Muitas razões que podem levar a mãe a ter sentimentos “inesperados” com relação a seus filhos e que a fazem sentir-se culpada.
Ë importante atentar para o fato de que há diferentes graus neste sentimento de culpa, e apresentar um pequeno grau poderia até ser benéfico.
Poderíamos dizer e supor que algum sentimento de culpa nas mães teria até um papel funcional na relação, ou seja, faria com que algum cuidado maior fosse dispensado a criança, por exemplo, para que se perceba com maior rapidez quando ele não está passando bem, quando seu comportamento está modificando devido a alguma situação que ela possa estar vivenciando e que não está lhe contando.
O sentimento de culpa não é de todo ruim, serve para algumas boas coisas em alguns momentos. Serve inclusive para ajudar a sentir-se plenamente responsável por aquele ser.
Mães que não sentem nem um pouquinho de sentimento de culpa, podem não duvidar de si mesmas em nenhum momento, o que poderia resultar, por exemplo, em que nem percebessem quando seus filhos pequenos estão doentes. Ou ainda, atribuir a fatores externos constantemente, tudo que aconteça com os filhos, não assumindo responsabilidade por coisa alguma.
Agora, temos que observar se este sentimento não está levando a outros tipos de atitude. Quando a mãe passa a atuar movida por um sentimento de culpa muito grande.
O sentimento de culpa que deve nos levar a cuidados e reflexões é aquele que por vezes pode levar a uma espécie de super proteção que ao invés de “convencer” o filho de que ele é muito amado, pode levá-lo a crer que é incapaz de realizar muitas coisas, principalmente aquelas que a mãe não lhe deixa fazer, e que não representam perigo real. Este comportamento da mãe pode gerar muito mais insegurança do que segurança.
Um exagero de cuidados normalmente leva a crer que existam sentimentos de culpa bastante intensos nessa mãe com relação ao seu filho, ä exceção de casos que tenham a ver com transtornos psíquicos anteriores a chegada da criança.
Acontece muito de as pessoas sentirem-se culpadas com relação ao seu filho e não saber disso, quer dizer, não terem consciência que tomam essa ou aquela atitude para com ele por sentimento de culpa. Tudo que a pessoa pode sentir, por exemplo, é um grande mal estar se não estiver protegendo seu filho ao extremo, da sujeira, das pessoas, das possibilidades de machucar-se de uma forma geral.
Ter uma maior clareza sobre as possibilidades de que isto esteja ocorrendo pode ser um primeiro passo para amenizar o sentimento e ainda procurar ajuda se for necessário.
Outro aspecto fundamental quando pensamos na possibilidade de psicoterapia frente a estas questões, é o de que em se falando em “erros ou acertos” para com os filhos, olhamos para a situação familiar, para os comportamentos e atitudes dos pais e criança, não para se identificar culpados, e sim para entendermos o funcionamento dessa estrutura familiar, entender porque as coisas chegaram até ali e encontrar novos caminhos que possam levar a uma melhor qualidade de vida para todos.
Ainda vale salientar que em toda e qualquer situação da vida, nós somos e fazemos aquilo podemos, no momento em que podemos. E isto não se trata de justificativa, mas de um fato.

segunda-feira, 26 de abril de 2010


Quando dizer NÃO! Eis a questão...

Não é uma tarefa fácil cuidar de uma criança pequena, orientar seu crescimento. E quando dizer não aos nossos filhos é uma questão sobre a qual muitos de nós, mães e pais se debatem constantemente.
Os limites são necessários, mas como e quando colocá-los?
Sobre essa questão é bom que levemos em consideração o fator idade, desenvolvimento. Ora, uma criança de 1 ano de idade não poderia entender um NÃO assim como uma de 3 anos, por exemplo. Precisamos ficar atentos ao período de desenvolvimento em que nosso filho se encontra.
As crianças não nascem sabendo o que podem e o que não podem fazer, com certeza. Mas muitas vezes alguns pais lidam com elas como se soubessem disso desde sempre, sem que tenham sido ensinadas.
Vamos pensar esta questão, tendo em vista as crianças pequenas e seu primeiro contato com as interdições.
Então, podemos dizer que teríamos três etapas a nos concentrar na introdução dos “NÃOS” na vida dos bebês.
Primeiro, temos uma fase em que os pais assumem toda a responsabilidade sobre as interdições, ou seja, o bebê pequeno não tem instrumentos, nem possibilidades de entender o que pode lhe causar algum mal ou não. E no seu desenvolvimento rápido vem o intento de descobrir o mundo, pela boca, pelas mãos... é como se o mundo inteiro fosse uma grande novidade a ser descoberta, e ele bebê, o explorador. Não há NÃO nesta primeira etapa, só a interdição física.
Assim, nesse momento é importante que a criança tenha a possibilidade de explorar, conhecer o mundo e o que tem a sua volta, ela precisa se desenvolver, e ter também um adulto atento que possa livrá-la dos perigos iminentes. Não adiantará de nada ter uma briga homérica com uma criança de 1 ano porque ela derramou todo o saco de arroz que estava na sacola, no chão.
Você é que deveria ter tirado este saco dali, certo!? Você tem instrumentos para isso, ela não.
Ele precisa explorar o mundo, dê-lhe situações ou objetos que lhe propiciem isto. E a princípio, você não limita um bebê para que ele lide com o que é certo ou errado do ponto de vista moral, mas simplesmente porque tem algumas atitudes que ele precisa ir aos poucos entendendo que são perigosas. Para bebês pequenos os “NÃOS” maternos devem se basear na idéia de perigos concretos.
Aos poucos, você percebe na criança uma crescente capacidade de compreender as coisas. Então temos a segunda etapa, onde você já pode se impor e mostrar a criança sua visão de mundo, ela já começa a ter capacidade de absorver algumas coisas. Aí sim, começa a aparecer literalmente o NÃO como palavra, linguagem entendida. Você pode dizer “NÃOS” seguros a ela, e ela tem capacidade de entender que aquilo É uma interdição, e que ali ela precisa parar por algum motivo, ainda que não tenha um entendimento real sobre os motivos.
Segue-se, a terceira etapa que é aquela que se apresenta como a fase da explicação. Podemos, aqui partir para a conversação, os pais aqui podem explicar a criança o motivo das interdições, é ela já começa a desenvolver a capacidade de entendê-las.
Assim vai se dando o desenvolvimento desses primeiros momentos do entendimento da interdição.
Entretanto, não podemos nunca esquecer do fato de que as crianças são muito diferentes umas das outras, as fases ocorrem nessa seqüência, mas é preciso que a mãe possa observar o desenvolvimento de SEU filho, e assim estar pronta para a adaptação às necessidades de sua criança.
Muitas vezes ocorre que mães que não se encontram em momentos tranqüilos e felizes de suas vidas possam, em função do seu momento, estar propensas a exagerar o lado carinhoso do trato, sendo permissivas demais, ou ainda dizer NÃO apenas porque estão irritadas.
É muito importante que na imposição de limites, a mãe os tenha bem claros para si mesma, tanto os limites, quanto os motivos pelos quais os está impondo.
Se os próprios pais estiverem muito confusos quanto ao que permitiriam ou não, como a criança poderá ter clareza sobre isso?

quinta-feira, 8 de abril de 2010


DESENVOLVIMENTO INFANTIL
A PSICOLOGIA E AS NEUROCIÊNCIAS

Nos interessa falar e pensar o desenvolvimento infantil. Nos dias de hoje, interessa muito mais aos pais que em tempos passados.
Muito se fala sobre a importância dos 6 ou 7 primeiros anos de vida, quanto a estruturação da personalidade e do pensamento. E no que temos de estudos e avanços nesta área até os dias atuais, esta afirmação de fato se confirma.
Os primeiros 6 ou 7 anos de vida são muito importantes mesmo na estruturação psíquica. Isto não significa que o que acontecer até esta etapa do desenvolvimento está fadado a permanecer da mesma maneira para o resto da vida, claro que não, podemos mudar e evoluir sempre, se houver desejo.
Mas significar dizer e pensar que o que é vivido neste período marca profundamente a estruturação psíquica do ser humano, e define nossos posicionamentos frente ao mundo, ao menos no que diz respeito, a uma certa tendência de comportamento.
Isso se aplica não somente pelos estudos na área da psicologia e da psicanálise, mas é confirmado pelos últimos achados na área das neurociências, que nos dizem que aquelas tendências genéticas de comportamento serão ou não realizadas de acordo com as experiências que vivenciarmos no ambiente em que estamos inseridos, e ainda, para complementar, que somos agraciados pela possibilidade da neuroplasticidade, que se define por ser uma forma de rearranjo nas sinapses cerebrais (corrente elétrica cerebral) que poderia nos trazer mudanças de comportamento tanto no aspecto físico, quanto psíquico e cognitivo, com as tentativas e repetições em prol de uma nova realidade.
Bem, isso significa dizer que as ciências que tratam da subjetividade – as psi, e aquelas que tratam da dimensão objetiva, diga-se física, enfim chegam a um ponto de encontro. Aquilo que era afirmado pelas psicologias e psicanálise a mais de um século – que a personalidade e os comportamentos eram definidos nestas primeiras fases de vida do indivíduo, acaba por ser corroborado pelas neurociências hoje. Ora se uma pessoa nasce com o cérebro em parte acabado, mas seu maior crescimento e desenvolvimento se dá até 7 anos de idade (90%), o que se completaria até por volta dos 12 anos, podemos concluir que as experiências vividas pela criança neste período além de marcá-la emocionalmente, marcam seu cérebro, de forma a produzirem certos tipos de respostas (sinapses cerebrais) para ações do mundo com relação a ela.
Isso equivale a dizer que de fato ela se estrutura nessa faixa etária.
Então temos que, as mudanças de comportamento são bastante complexas, pois envolvem uma forma de SER marcada nos tecidos, no corpo... e no coração. Por assim dizer.
E sendo assim, considero importante que nós – pais e ainda profissionais que trabalham com crianças, possamos ter acesso a estes conhecimentos para entender um pouco mais como se dá a formação dos comportamentos de nossas crianças, e para que possamos também ter a paciência necessária, e o empenho fundamental na formação e nas mudanças que consideramos poder trazer mais aproveitamento e felicidade para vida dos nossos filhos.
Se tiverem dúvidas a respeito deste artigo, ou ainda acharem pertinente que este assunto seja desenvolvido de forma mais extensa em outros artigos, entrem em contato.

quinta-feira, 25 de março de 2010



BULLYING, O QUE É ISSO?


O Bullying, é uma prática conhecida de todos nós ä muito tempo. Se não fomos vítimas de Bullying na escola, certamente presenciamos algum destes atos.
Tanto nos é familiar, de alguma forma, que todos sabemos da sua existência. O fato de existir essa ‘familiaridade’ em relação ao comportamento de Bullying, faz com que, muitas vezes, este assunto não seja tratado com a devida atenção. Na verdade, até os últimos tempos tem sido tratado, na grande maioria dos casos, com omissão.
O Bullying se refere a todo tipo de comportamento agressivo, verbal ou físico, intencional e repetido, que acontece, geralmente, na escola, sem motivação evidente, adotados por um ou mais estudantes, contra outros, causando muito sofrimento, dor, ansiedade e angústia tanto nas vítimas, quanto nos espectadores.
Dentre as ações que caracterizam o Bullying, estão os apelidos, a discriminação, a exclusão, a perseguição, o isolamento, o assédio, a tirania, a dominação, a agressão física, o ataque aos pertences, entre outros. Ações que humilham, atacam e ofendem a criança vitimizada
Quem já foi vítima de Bullying, ou teve um amigo ou parente próximo vivendo esta realidade, sabe bem o estrago que esta prática pode causar na vida de uma pessoa, dependendo de como ela recebe essas ações.
Não é porque muitas vezes as pessoas tratam o Bullying como algo que acontece na escola, que é normal entre as crianças, que esse assunto possa ser desprezado, muito pelo contrário. É chegada a hora de nos colocarmos em posição contrária a essa prática a tanto tempo difundida, e que infelizmente já não tenha sido barrada ä muito dentro das escolas. Teria com certeza, evitado muito sofrimento.
O Bullying é um problema mundial, não está restrito a nenhum tipo de instituição, seja ela pública ou privada, rural ou urbana. Normalmente as escolas que não admitem a existência do Bullying entre seus alunos, ou desconhecem o problema ou se negam a enfrentá-lo.
É importante que as escolas, pais e alunos, possam enfim encarar este problema de frente, as conseqüências do Bullying, quando não há intervenções efetivas, podem ser desastrosas. O ambiente escolar torna-se totalmente contaminado. Todas as crianças são afetadas de forma negativa, passando a experimentar sentimentos de ansiedade e medo. Além do que, alguns alunos, que testemunham o Bullying, quando percebem que o comportamento agressivo não traz nenhuma conseqüência, podem adotá-lo também.
Dentre as conseqüências da prática do Bullying está o fato de que crianças que são alvos, dependendo de suas características individuais e de suas relações com o meio, poderão não superar os traumas sofridos na escola. Poderão crescer com sentimentos negativos, de baixa auto-estima, tornando-se adultos com sérios problemas de relacionamento, ou ainda assumir e multiplicar o comportamento agressivo.
Para aqueles que são os autores da prática, também existem conseqüências, estes podem levar para a vida adulta o mesmo comportamento anti-social, adotando atitudes agressivas no ambiente familiar ou do trabalho e trazendo muitos prejuízos para sua vida futura.
E as testemunhas, por sua vez, são afetadas de forma que sentem-se inseguras e temerosas de que sejam as próximas vítimas.
Portanto, é necessário que os envolvidos se mobilizem em busca de programas que possam ser implementados nas escolas com o intuito de diagnosticar, identificar e reduzir o comportamento agressivo entre os estudantes. Podendo assim melhorar o ambiente da escola e a qualidade de vida de todos.
Quem não ganharia com isto?

quarta-feira, 10 de março de 2010

DEPRESSÃO PÓS-PARTO


O seu bebê nasceu ou está para nascer, um momento de grande alegria se espera, a gestação foi sonhada, aceita, o nome escolhido de acordo com as melhores intenções e significados, o enxoval em cores suaves, sonha-se com o rostinho fofo, os movimentos lentos, o sorriso que aos poucos vai se revelar... eles são mesmo lindos - os bebês. E toda esperança de uma nova vida, traz alegria a família.Chega o momento considerado dos mais sublimes para a mulher.
Eis que, muitas vezes a expectativa com relação a este momento é frustrada pelos dados que a vida objetiva traz para a mãe.
É lindo ter um bebê, realmente incrível que possamos dar a luz a uma nova vida. Contudo, a maternidade, vem carregada de responsabilidades e mudanças na vida da mulher, implica mudanças em vários aspectos, no trabalho, na vida pessoal , emocional e social. Essas mudanças podem acarretar mais sofrimento do que a futura mãe possa supor. Existe uma tendência a se fantasiar a realidade, idealizar o momento, e esquecer os desafios que a condição de mãe impõe.
Em função disso, é muito importante, que as futuras mães, possam ter a maior proximidade possível com os dados de realidade que a função materna trará para sua vida, para que se possam diminuir as possibilidades do desenvolvimento de um quadro de depressão pós-parto que pode afetar consideravelmente a relação mãe-bebê e por conseqüência a formação da estrutura psíquica desta criança no decorrer de seu desenvolvimento.
Nesta direção, temos uma corrente de estudos que defende a realização do pré-natal psicológico, que vem de encontro a necessidade de preparação emocional e sócio-ambiental para a chegada do novo bebê. Segundo estes estudos, o pré-natal psicológico tem se mostrado tão importante quanto o acompanhamento físico da gestante e da criança. Podendo, com eficácia, prevenir situações futuras que favoreçam a depressão pós-parto, além de trabalhar questões com a mãe que podem melhorar suas condições e qualidade de vida e assim, também as condições de desenvolvimento de seu bebê.
Logo após o parto, em média 60% das mães sofrem do que chamamos “baby blues”, que se caracteriza por ser um estado de variações emocionais, psicológicas, hormonais e físicas.
Isso equivale a dizer que, a mãe poderá sentir-se no pós-parto, muito sensível, confusa, instável, com incapacidade para cuidar de seu bebê, com medo, culpa, tristeza, falta de motivação, indisposição. Porém, esses sentimentos são considerados normais, desde que não perdurem por muito tempo, e têm sido relacionados às rápidas alterações hormonais, ao estresse do nascimento e ao grande aumento da responsabilidade que o nascimento de uma criança provoca.
No entanto, se esses sentimentos persistirem por um período de tempo considerável, mais de 4 semanas, por exemplo, após o parto, é importante que se fique atento para a possibilidade de estar se estabelecendo um quadro depressivo, que tem ocorrência de 10% a 20% dentre as mães em período puerperal.
Os fatores apontados como possíveis causas de deflagração da depressão pós-parto, são: os biológicos, já citados – variações hormonais e alterações no metabolismo que podem, ainda, acentuar consideravelmente problemas emocionais e/ou pessoais já existentes, os ambientais – mudanças expressivas no cotidiano, e os psicológicos – sentimentos conflituosos da mulher em relação a si mesma, ao bebê, ao companheiro, transtornos psíquicos pré-existentes, entre outros.
Em um quadro que aponte para depressão, a necessidade de diagnóstico é preemente.
É importante que a mãe procure acompanhamento psicoterápico, converse com pessoas próximas e os profissionais que a atendem – obstetra, pediatra, sobre os sentimentos que vem tendo, que não se envergonhe deles. Admitir que esses sentimentos existem, é o primeiro passo. E um profissional habilitado poderá orientá-la na busca do diagnóstico e tratamento adequados.
A vivência de sentimentos tão diferentes daqueles que se havia idealizado pode tornar esse momento muito penoso, e provoca nas mães um sentimento de inadequação, que pede ajuda.
Numa parcela grande dos casos de depressão pós-parto a mulher se isola, tem vergonha dos sentimentos, não tem coragem de assumi-los e falar o que está acontecendo com ela. Assim, sofre sozinha, aliás, com seu bebê, calada. Um sofrimento que muitas vezes não cessa sem tratamento, pelo contrário, se agrava. A depressão pós-parto pode durar meses ou até mesmo anos se não tratada.
A depressão pós-parto não é rejeição ao bebê prioritariamente, mas muito mais um sentimento de medo com relação as mudanças e ao desafio que se tem pela frente.
Portanto, o esclarecimento, a franqueza consigo mesma, a consciência dos nossos limites e a procura pela ajuda daqueles que nos amam e daqueles que podem nos auxiliar profissionalmente é a melhor, e mais eficiente saída neste momento.

quarta-feira, 3 de março de 2010

O PAI NOS PRIMEIROS MESES DO BEBÊ

Tanto falamos sobre a relação mãe-bebê e muito pouco sobre o pai, que em uma construção de família tradicional, compõe esta tríade.
Não ter falado muito sobre o pai e sua função nestes primeiros momentos do bebê não significa de forma alguma que ele tenha importância menor.
Hoje temos aqui um espaço só para ele, onde falaremos sobre essa pessoa e essa função tão importante – a paterna, nos primeiros meses de vida da criança.
No início da vida da criança a mãe é quem interage mais com o bebê sim, é sua primeira referência sem nenhuma dúvida, mas a função do pai é extremamente importante nesse momento.
Muitas vezes os pais sentem que não são necessários, pensam que nada podem fazer alí, algumas vezes sentem-se até mesmo preteridos, excluídos deste quadro. O que é um grande engano.
Por mais que a mãe esteja completamente voltada para o bebê, as avós estejam de prontidão, o pai pode ajudar muito, facilitar imensamente a interação mãe-bebê. Isso pode se dar quando ele percebe ou ainda é orientado para que dê a mãe o suporte emocional necessário para que ela viva esse momento da forma mais plena possível.
Isso equivale a dizer que o pai, para além da ajuda prática que pode dar, tem a função e até mesmo o poder de abastecer a mãe emocionalmente, nessa situação onde ela precisa se entregar por inteiro a este bebê.
O pai com seu amor, carinho e cuidado com a mãe pode tornar esse momento mais tranqüilo, feliz e prazeiroso para todos.
A mãe precisa dedicar-se a essa relação e cuidados com o bebê, e se não estiver emocionalmente bem, sentindo-se segura, dificilmente poderá exercer sua maternidade, neste momento, de maneira suficientemente boa.
Uma boa relação conjugal, onde exista cumplicidade, amor, compreensão e amizade pode facilitar para que esse período da vida seja algo extremamente natural, fluente.
Existe uma máxima que diz “ ninguém dá o que não tem”. E neste caso ela cabe perfeitamente.
A mãe precisa dar muito ao bebê, mas pra que ela dê precisa ter, ou pode chegar a sentir-se incapaz de cuidar dessa criança, o que não a impedirá de fazê-lo, mas que pode levá-la à uma depressão pós-parto e comprometer o desenvolvimento do bebê nesse período.
Portanto, o papel do pai é de extrema importância, não pode simplesmente ser aprendido se não houver o desejo de estar ali nesta tríade pai-mãe-bebê, mas pode, se esse desejo existir, ser alimentado pela informação e o esclarecimento.
Assim papais, exerçam esse lindo papel, e sejam muito felizes ao lado de sua mulher e seus amados filhos!

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010


O COLO DA MÃE

Estamos nos atendo, nestes primeiros artigos, a gestação e as primeiras fases de desenvolvimento da criança, isso porque nos estágios posteriores teremos um longo percurso a ser feito, mas tudo que for feito neles terá maiores chances de um bom resultado caso o início da vida tenha sido satisfatório.
A tendência hereditária de desenvolvimento que a criança apresenta, não pode se tornar um fato sem a participação ativa de um ser humano que segure e cuide dela.
Portanto hoje, falaremos um pouco sobre a importância do colo da mãe nos primeiros 6 meses de vida.
Não só do fato de este colo ser disponibilizado ou não ao bebê, mas de como, e com que qualidade ele é disponibilizado.
Pode não parecer, mas segurar um bebê é um trabalho especializado, não que precise de estudo e qualificação, mas de disposição física e emocional.
Os bebês são muito sensíveis a maneira como são segurados. O que os leva a chorar com algumas pessoas e a ficar calmos e satisfeitos com outras, mesmo quando são ainda muito pequenos.
Mas o colo da mãe, nesse primeiro momento, sendo ela e o bebê os protagonistas destas primeiras fases de desenvolvimento, não poderia deixar de ter um papel especial.
A mãe com seu colo, nesses primeiros meses do bebê confere a ele duas percepções que são de extrema importância para seu desenvolvimento futuro, o contorno de seu corpo físico e sua individualidade e as primeiras impressões do mundo que o recebe.
Isso equivale a dizer que é a mãe e seu colo que podem facilitar ao bebê a percepção dos limites de seu próprio corpo e de seu rudimentar ego/eu.
Para clarificar este pensamento, vale dizer que o bebê quando nasce, não tem a menor consciência de que seu corpo é diferenciado do restante do mundo. Para o bebê tudo é ele. Mãe, qualquer outra pessoa e o mundo são ele.
É no colo da mãe, e nas vivências, que essa criança vai percebendo que ela é um corpo e um eu separados da mãe e do resto do mundo. Esse é um acontecimento que se dá concomitantemente nos planos físico e emocional.
Aos poucos, nesse contato e suporte do colo da mãe ele vai se diferenciando – minha mãe é minha mãe, eu sou eu e o mundo é o mundo.
O bebê vai se descobrindo e descobrindo o mundo a partir desse colo, desse contorno do próprio corpo que lhe é proporcionado pelo braços da mãe.
Braços esses que podem oferecer um colo frouxo e sem vida, seguro e confiante ou ainda rígido demais.
Um colo agradável e seguro é aquele que adapta a pressão de seus braços as necessidades do bebê, não o apertam, nem o deixam solto demais, movem-se lentamente sem a profusão de movimentos bruscos que podem levar o bebê aos sustos. E ainda que se mostra diposto emocionalmente a esse lugar de suporte com amor.
Segue-se a importância de salientar que o colo da mãe se apresenta como o primeiro contato do bebê com o mundo. Então podemos dizer que esse mundo, pelo colo da mãe e suas características, pode parecer a criança como algo rígido, atento somente as obrigações e necessidades básicas, como inseguro, instável ou ainda como seguro, confiante e acolhedor.
Essa percepção dependerá das condições físicas e emocionais em que se encontrar essa mãe no momento e primeiros 6 meses da chegada de seu filho.
Sendo assim, mais uma vez precisamos estar atentos a como estamos percebendo e sentindo o mundo, pois até mesmo pelo nosso comportamento corporal podemos estar apresentando este mundo a nossos bebês.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Apreendendo a Sentir



Os sentimentos sempre foram campo de estudo para a humanidade. Porque as pessoas reagem de forma tão diferente às situações da vida, porque uma situação parece um muro praticamente intransponível para alguns, enquanto para outros parece tão simples solucionar?
Essas são questões, entre outras, que se tornaram fonte de motivação para muito debruçar dos estudiosos, e que nos remetem a outra questão relativa a construção das pessoas enquanto estrutura emocional. Como as pessoas se constituem enquanto seres humanos emocionais, e como essa construção se manifesta nas suas reações, nos seus sentimentos desencadeados pelas situações apresentadas pela vida?
Pois bem, os resultados de vários estudos apontam para o fato de que essa constituição, essa formação se dá por dois fatores principais, são eles: a predisposição genética, ou seja, as tendências genéticas que trazemos conosco, marcadas em nosso DNA, de desenvolvermos certos tipos de padrão de comportamento; e o ambiente que nos recebe, nos cerca e que fará, com as suas contingências, com que desenvolvamos ou não nossos potenciais genéticos de padrão de comportamento, sejam eles geradores de boas possibilidades de adaptação ou o contrário.
Então, temos que o lugar que nos recebe e a maneira como nos recebe é fundamental para o desenvolvimento das nossas reações frente ao mundo.
E o nosso primeiro e mais especial lugar é a família. A família que, na vivência das relações, vai nos definir enquanto pessoas, é onde nós apreenderemos a interpretar o mundo, desde a aprendizagem das adaptações mais básicas para a sobrevivência biológica e social, como higiene, alimentação, locomoção até as mais finas, como os sentimentos.
As crianças apreendem no seio do lar a reagirem a partir da reação dos seus cuidadores, a primeira aprendizagem quanto a como se colocar emocionalmente nas situações da vida acontece ali, dentro de casa, com as crianças percebendo e internalizando a maneira como seus pais reagem, por exemplo, à algo que não foi planejado, à uma opinião discordante da sua, ao não do parceiro, à receber ou dar carinho, às responsabilidades, à autoridade, ao cuidado consigo mesmo, ao amor próprio, dentre todas as questões que envolvem o comportamento.
È preciso entender, que as crianças apreendem na vida com aquilo que os pais fazem na maioria absoluta das vezes, e não com aquilo que os pais falam, até porque se fala uma vez ou outra no cotidiano, mas se age ou reage o tempo todo na vida.
Estamos ensinando aos nossos filhos aquilo que apreendemos com nossos pais e no decorrer de nossa vida com nossas experiências. E não com aquilo que consideramos o mais correto mas não fazemos.
Há que se pensar que filhos estamos criando, que pessoas estamos desenvolvendo para si mesmos e para o mundo. E frente a essa reflexão vamos, de fato nos deparar com aquilo que talvez, depois de uma certa caminhada, seja o mais difícil – NÓS MESMOS!
E, sendo assim, temos aqui uma oportunidade das mais maravilhosas e mais difíceis que a vida, os filhos, podem nos trazer, a oportunidade de nos olharmos novamente, de forma atenta e profunda, se quisermos educarmos e criarmos cidadãos que possam respeitar-se e respeitar o outro, que possam ainda desenvolver suas potencialidades e aproveitar as oportunidades que a vida vai lhes oferecer da melhor forma possível. Que possam se perceber e entender o que é seu espaço e o que é o espaço do outro, para trilharem um caminho na vida que não seja primordialmente pautado pelo medo, pela ansiedade exacerbada, pela paralisação, sentimento de insegurança, dentre outros.
Precisamos nos olhar pra saber que seres humanos estamos criando, pra saber como estamos ensinando nossos filhos a reagir às frustrações da vida, como estamos ensinando nossos filhos à demonstrar amor, carinho, solidariedade, tristeza, raiva, e todos os outros sentimentos à que estamos sujeitos enquanto indivíduos neste mundo.
Portanto, quando estivermos preocupados, chateados, enfurecidos com algum comportamento de nossos filhos pequenos, talvez seja muito pertinente nos pergurtamos onde ele aprendeu isso, com quem, e ainda, olhar para a nossa própria forma de reagir em situações semelhantes às que ele vem vivenciando. E aí quem sabe possamos encontrar algumas respostas e direções bem mais perto do que poderíamos imaginar.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

A propósito - o Bebê e sua Mãe



Se trata de uma questão recorrente o fato de as mães ficarem muitas vezes inseguras com seus bebês, principalmente as mães de primeira viagem, o que é bastante compreensível, o bebê quando chega, por mais esperado que tenha sido, é um estranho, e um estranho que necessita de todos os cuidados para sua sobrevivência, um pequeno estranho completamente dependente de sua mãe. A relação mãe-bebê e todo aquele imenso amor do qual todos falam é construído nessa vivência de dependência e de troca que aos poucos vai se dando.
O amor materno não é mágico, não se apresenta imediatamente, ele é o resultado de uma relação intensa.
O mais importante é que a mãe possa estar numa situação de receptividade total, ou seja, estar inteira, de braços abertos para esse bebê. Que possa contar com o apoio de outras pessoas não só no cuidado para com o bebê mas no cuidado, carinho e amor para com ela mesma - a mãe, para que possa nesse momento estar abastecida de sentimentos e desprovida de outras preocupações para dedicar-se, pelo menos nos primeiros meses, a cuidar prioritariamente dessa criaturinha que depende dela completamente, tanto no aspecto físico quanto no aspecto emocional. Uma mãe que recebe seu filho em situação de não receptividade, seja por estados emocionais negativos como a depressão, por exemplo, ou por estados de turbulência externos, pode comprometer o estado de saúde física e mental do bebê por todo seu desenvolvimento.
Claro que temos que levar em consideração que a maioria das vezes a mãe não recebe seu filho em estado emocional precário por vontade própria, muitas questões podem ocorrer para além do seu controle, como por exemplo: a perda de seu ente querido, situações trágicas que ocorrem , entre outras questões.
Porém, é importante que tanto a mãe, quanto aqueles que a rodeiam possam fazer o possível para que o ambiente físico e psíquico seja favorável para a chegada desse bebê.
Comecemos 2010 com nossos trabalhos já há muito esperados!
A princípio, teremos um artigo mensal, e de acordo com os questionamentos e comentários que recebermos poderemos ter mais artigos postados a cada mês, até que estes tenham postagem semanal.
Aguardamos vocês aqui!