quinta-feira, 6 de maio de 2010


O SENTIMENTO DE CULPA

De uma forma geral, é possível perceber que as mães por mais cuidadosas que sejam, tem uma certa tendência de sentirem-se culpadas em maior ou menor grau com relação a seus filhos.
Normalmente o sentimento de culpa nas mães poder ser gerado pelo fato de, tendo uma noção preconcebida de como deveria ser a relação com seu filho, ou seu comportamento para com ele, sentem-se de certa forma frustradas e impossibilitadas de atender as estas expectativas por circunstâncias das mais diversas que a vida pode impor, ou ainda por sentimentos novos, situações inesperadas com as quais não esperava ter que lidar.
Vejam, a título de exemplo podemos citar: dá a luz a um menino e queria mesmo uma menina, por algum motivo não começou a amar o bebê logo de pronto como achava que deveria, ocorre uma perda familiar (morte) que a leva a um momento de muita tristeza, e por aí vai. Muitas razões que podem levar a mãe a ter sentimentos “inesperados” com relação a seus filhos e que a fazem sentir-se culpada.
Ë importante atentar para o fato de que há diferentes graus neste sentimento de culpa, e apresentar um pequeno grau poderia até ser benéfico.
Poderíamos dizer e supor que algum sentimento de culpa nas mães teria até um papel funcional na relação, ou seja, faria com que algum cuidado maior fosse dispensado a criança, por exemplo, para que se perceba com maior rapidez quando ele não está passando bem, quando seu comportamento está modificando devido a alguma situação que ela possa estar vivenciando e que não está lhe contando.
O sentimento de culpa não é de todo ruim, serve para algumas boas coisas em alguns momentos. Serve inclusive para ajudar a sentir-se plenamente responsável por aquele ser.
Mães que não sentem nem um pouquinho de sentimento de culpa, podem não duvidar de si mesmas em nenhum momento, o que poderia resultar, por exemplo, em que nem percebessem quando seus filhos pequenos estão doentes. Ou ainda, atribuir a fatores externos constantemente, tudo que aconteça com os filhos, não assumindo responsabilidade por coisa alguma.
Agora, temos que observar se este sentimento não está levando a outros tipos de atitude. Quando a mãe passa a atuar movida por um sentimento de culpa muito grande.
O sentimento de culpa que deve nos levar a cuidados e reflexões é aquele que por vezes pode levar a uma espécie de super proteção que ao invés de “convencer” o filho de que ele é muito amado, pode levá-lo a crer que é incapaz de realizar muitas coisas, principalmente aquelas que a mãe não lhe deixa fazer, e que não representam perigo real. Este comportamento da mãe pode gerar muito mais insegurança do que segurança.
Um exagero de cuidados normalmente leva a crer que existam sentimentos de culpa bastante intensos nessa mãe com relação ao seu filho, ä exceção de casos que tenham a ver com transtornos psíquicos anteriores a chegada da criança.
Acontece muito de as pessoas sentirem-se culpadas com relação ao seu filho e não saber disso, quer dizer, não terem consciência que tomam essa ou aquela atitude para com ele por sentimento de culpa. Tudo que a pessoa pode sentir, por exemplo, é um grande mal estar se não estiver protegendo seu filho ao extremo, da sujeira, das pessoas, das possibilidades de machucar-se de uma forma geral.
Ter uma maior clareza sobre as possibilidades de que isto esteja ocorrendo pode ser um primeiro passo para amenizar o sentimento e ainda procurar ajuda se for necessário.
Outro aspecto fundamental quando pensamos na possibilidade de psicoterapia frente a estas questões, é o de que em se falando em “erros ou acertos” para com os filhos, olhamos para a situação familiar, para os comportamentos e atitudes dos pais e criança, não para se identificar culpados, e sim para entendermos o funcionamento dessa estrutura familiar, entender porque as coisas chegaram até ali e encontrar novos caminhos que possam levar a uma melhor qualidade de vida para todos.
Ainda vale salientar que em toda e qualquer situação da vida, nós somos e fazemos aquilo podemos, no momento em que podemos. E isto não se trata de justificativa, mas de um fato.

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